Do ponto de vista historiográfico e metodológico, a maior contribuição do livro é a capacidade dos autores de concatenar diferentes sujeitos e territórios na longa duração, estabelecendo fluxos geracionais, identificando influências intelectuais, mapeando genealogias e trajetórias, conectando diferentes tempos e espaços em torno de uma doença – a leishmaniose –, fazendo confluir múltiplos e independentes canais de energia criativa, digamos assim, para uma espécie de ponto de fuga. Ao mesmo tempo em que caracterizam uma comunidade epistêmica, tecem narrativas paralelas, tal como um argumento que se desenvolve em camadas. Por exemplo, esmiuçam as controvérsias científicas inerentes à parasitologia, como a da relação parasita hospedeiro, enquanto exploram as agruras políticas e ambientais decorrentes da descoberta de Carajás ou da construção da Transamazônica. O que une ou costura a narrativa de Benchimol e Peixoto é a leishmaniose, presente no horizonte de interesses de pesquisadores de diversas nacionalidades, nas agendas de instituições de pesquisa e de agências governamentais, no dia a dia de serviços médicos e de saúde e na vida das populações afetadas por desastres perpetrados pelo Estado brasileiro.
Front Matter / Elementos Pré-textuais / Páginas Iniciales | ||
Prefácio – A leishmaniose em perspectiva histórica: sujeitos, instituições e política | ||
Introdução | ||
Capítulo 1 – Os britânicos na América Central | ||
Capítulo 2 – O Instituto Evandro Chagas e a Unidade de Parasitologia do Wellcome Trust | ||
Capítulo 3 – Lainson, Shaw e colaboradores em campo | ||
Capítulo 4 – A reconfiguração da área da saúde durante o regime civil-militar | ||
Capítulo 5 – As grandes obras na Amazônia: leishmanioses e outras doenças | ||
Capítulo 6 – Seguindo as pesquisas de Lainson, Shaw e colaboradores | ||
Capítulo 7 – Leishmanioses, ciência e saúde no estado do Amazonas | ||
Capítulo 8 – Programa do Trópico Úmido e as pesquisas em medicina tropical no Amazonas e Pará | ||
Referências documentais e bibliográficas |